Com certeza você já teve seu temperamento associado a algo ruim ou errado que fez, como se fosse uma chave possível de virar, acertei? “A primeira coisa que a gente tem que entender é que temperamento é algo inato. Ou seja, a pessoa já nasce com isso. É algo dado no momento da concepção”, esclarece o psicólogo Adriano Gonçalves, ouvido pelo Sempre Família.
Para ele, uma distinção que precisa ser feita é entre temperamento e personalidade. “Temperamento é uma estrutura mineral, a base para a forma como a pessoa recebe o mundo e como se coloca perante o mundo. Já a personalidade é algo mais vegetal. Quer dizer, ela cresce e se desenvolve [ao longo da vida] muito, também, inspirada pelo temperamento”, aponta.
Usada desde a antiguidade, uma classificação histórica distingue os tipos de temperamentos e os relaciona aos quatro elementos da natureza: água, fogo, terra e ar. Há, ainda, quem prefira separá-los por temperamentos quentes, frios, secos e úmidos. “Esse modelo simbólico é usado para expressar características psicológicas das pessoas”, afirma o sociólogo Guilherme Freire, professor do Colégio do Bosque Mananciais, de Curitiba.
Veja, agora, as particularidades que compõem cada tipo de temperamento:
Colérico
Temperamento ligado ao fogo. São pessoas mais magnânimas, entusiasmadas, que vão em frente, decisivas e obstinadas. Quem tem temperamento colérico vai ser um líder nato, iniciador, lógico, de ação, franco e que leva os planos sempre adiante.
O colérico toma a dianteira, decide e opera. É orientado para alcançar objetivos. É extrovertido, ao mesmo tempo que não se apega ao sentimentalismo. Está orientado aos objetivos, quer cumprir as tarefas. Algumas pessoas podem até dizer que é um pouco cabeça dura, porque quando coloca uma coisa em mente quer que aquilo se desenvolva e não perde o foco até que isso aconteça.
Sanguíneo
São associados ao ar. Pessoas orientadas aos relacionamentos, focadas no elemento afetivo. É aquele líder que quer envolver quem está por perto. Ele não vai guardar nem mágoas, nem rancor, porque ama estar no meio das pessoas. É “a alma da festa”. É aquele que vai deixar todos sempre confortáveis na sua presença. Tem um humor fácil, é seguro de si.
De modo geral, são mais empáticos, sabem encorajar, confiar, são comunicativos, bem-humorados, de compaixão, sentimentais, mais afetivas, que podem chorar com mais facilidade e também costumam ser mais teimosos, argumentativos.
Melancólico
Associado ao elemento terra, são pessoas mais lentas para reagir, que pensam mais. Só que as intenções e reações duram por mais tempo. É alguém que pensa muito e guarda muito. Vai ser alguém mais espiritual, que gosta da introspecção. E às vezes pode até ser indeciso, porque passa muito tempo refletindo. Gosta de ficar sozinho, abomina a injustiça, é imaginativo, analítico. São pessoas mais profundas, que têm bom poder de análise e persuasão.
Fleumático
Ligado à água, esse temperamento se assemelha ao melancólico, no sentido de ser mais lento para reagir. Mas, as reações do fleumático têm curto prazo (diferentemente do melancólico). É uma pessoa diplomática, que não vai querer entrar em conflitos, que foge de confusões.
Por vezes impulsiva, é também mais maleável do que os outros. Não gosta de brigas, é obediente, leal, paciente e tem um senso de humor seco. Costuma assumir postura passivas nas situações. É caseiro, tolerante e gosta muito de agradar os outros.
Nuances
É bem provável que lendo essas descrições e avaliando suas atitudes, você tenha chegado à conclusão de que possui características de mais de um tipo de temperamento – o que é completamente normal. “Todos nós temos um tipo de temperamento dominante, mas podemos ter aporte de outros. Pode ser uma criança melancólica, por exemplo, com aporte úmido. Ou seja, um parte sanguíneo”, esclarece Adriano Goncalves. Pelo que garante, não há uma regra para isso.
Agora, segundo os especialistas, temperamento não significa necessariamente comodismo. “Esses temperamentos expressam paradigmas de personalidade. Não quer dizer que seja um determinismo. A pessoa tem tendências vinculadas a esses temperamentos e essas tendências podem ser direcionadas para hábitos bons, como no caso das virtudes”, pondera o sociólogo Guilherme Freire.
“Se o meu temperamento é mais introspectivo, por que que eu não posso exercer um pouco mais a minha capacidade de extroversão e não ficar só fechado no meu mundinho sem me entregar mais aos outros?”, completa Gonçalves.
Lucian Haro
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