Seguir uma rotina que ajude as crianças a se sentirem seguras e tranquilas em seu ambiente.
Estabelecer horários par o sono e para a alimentação estimula um mecanismo muito importante de constância e regularidade, algo fundamental tanto par a vida familiar como escolar.
Quando nascem as crianças não conhecem a ordem das coisas nem entendem a noção de tempo. Somos nós, os adultos, que vamos ensiná-las a organizar sua vida mediante a horários estáveis, associados a rotinas ou atividades que se realizam todos os dias de uma mesma maneira.
A rotina diária cresce pouco a pouco, através de ações repetitivas que marcam horários, condutas e limites, com os quais as crianças começam a se identificar. A constância e a previsibilidade dessas ações dão segurança às crianças.
Durante a primeira infância essa prática é muito simples, já que os horários dizem respeito ao número de vezes que um bebê come ou dorme durante o dia. No entanto, à medida que vão crescendo, as rotinas vão se tornando mais ricas e aumentam suas variáveis. Aos horários de comer e dormir, unem-se os tempos de brincar, estudar, praticar um esporte, ver televisão, etc…
Muitas vezes, são os pais que começam a flexibilizar esses horários de forma a serem compatíveis com seus próprios horários e rotinas. Por exemplo, pouco a pouco se vai atrasando o horário de dormir, mas não necessariamente o de levantar-se. Aqui corremos o risco de não permitir que a criança durma a quantidade de horas convenientes para sua faixa etária.
De acordo com Lorena Pizarro, neurologista infantil da Clínica Las Condes, em Santiago do Chile, entre os quatro e cinco anos não se pode considerar que os hábitos de sono sejam algo consolidado que permita abandonar totalmente essa rotina. “Quanto mais flexibilizamos a hora para dormir, mais sinalizamos para a criança que não tem sentido nem importância o hábito anterior que estávamos construindo”.
Roberta Maso-Fleischman, Ph.D em Educação pela Stanford University, comenta que a partir dos quatro anos, as crianças que não conhecem um horário definido, e que por isso, não têm hábitos, são mais difíceis de lidar. Isso ocorre principalmente pela carência de limites que, naturalmente, teriam adquirido mediante a repetição e constância de certas atividades. Na tentativa de reverter essa situação, os pais acabam gastando muita energia para que os filhos obedeçam ou cumpram com suas pequenas responsabilidades.
Bettina Von Dessauer, pediatra da Clínica Alemã, acredita que sempre é possível educar os hábitos. “Se os pais mudam sua atitude, as crianças rapidamente entendem que dormindo mais se sentirão melhor”.
Algumas dicas para os pais
Gastar tempo para estabelecer, pouco a pouco, uma boa rotina de sono, pode facilitar enormemente a vida familiar. Para tal, a Drª. Von Dessauer recomenda:
- Manter sempre os horários de sono, evitando transgressões. É bem importante que as crianças tenham horários fixos para comer e dormir, especialmente nos dias de semana.
- Ter paciência. Quando não ensinamos nossos filhos a seguir uma rotina de sono, todo o sono familiar se altera. Comumente os pais perdem a paciência com os filhos e há brigas ou castigos. No entanto, à medida que se introduz um limite de tempo para deitar-se, pouco a pouco, se adquire um ritmo constante.
- Jamais usar o quarto como um local de castigo. O quarto deve ser sempre um lugar desejado, onde a criança se sinta bem e segura. O adormecer para uma criança deve estar relacionado a uma cerimônia onde o papai ou a mamãe se senta ao lado, conta uma história, canta uma canção ou faz um carinho para induzir o sono.
- As crianças nunca devem dormir num clima de briga ou repreensão. Quando se portam mal durante o dia ou mesmo se sofreram uma pequena punição, é muito importante que vão dormir com a sensação que de o problema já foi resolvido, que já passou. Isso colabora para um sono tranquilo.
Escrito por Ximena Greene / Nº 245 / 27 March 2017
Fonte: http://hacerfamilia.cl/2017/03/el-sentido- de-los- habitos/