Educar para a leitura

“Se por um lado, a família não lê e a vizinhança não lê, é na escola que os alunos deveriam receber mais estímulo”, afirma jornal

 Comentário Solar:

   O desenvolvimento do gosto pela leitura e das competências leitoras é uma preocupação geral no meio educacional. Embora o tom deste editorial que reproduzimos nesta semana seja um pouco ácido, traz ideias que podem nos ajudar a refletir sobre este tema.

     Frequentemente vemos nos jovens a falta da capacidade de reflexão, de silêncio e contemplação e de preocupação em alimentar o intelecto com leituras bem selecionadas e enriquecedoras, tornando-se necessário que o colégio seja um grande estímulo para esses hábitos e atitudes.

     Percebemos que em nossos colégios, em todos os níveis, há um ambiente de estímulo para a leitura. Porém, nunca é demais, reforçar que, no ensino Fundamental I, a leitura deve ser a principal atividade.

     O bom leitor não nasce, mas se faz. Nossa pretensão é que os alunos leiam muito, leiam bem e que desfrutem lendo. É importante que ao concluírem o Ensino Fundamental I os alunos tenham adquirido o hábito da leitura.

     Como acontece com a aquisição de qualquer hábito, trata-se de um processo lento que deve ser conduzido pelo professor de forma gradual e persuasiva. Os livros, textos ou artigos escolhidos devem instigar o interesse e o prazer do aluno.

     Metodologicamente, a leitura deve ser uma atividade diária que ocupe – ao menos – 15 minutos, distribuídos entre leitura expressiva e compreensiva.

     Na leitura expressiva se ensinará ao aluno a ler com correção, boa entonação, ritmo e agilidade.

     Na leitura compreensiva se procurará selecionar textos vivos, interessantes e com possibilidades interpretativas. O aluno deve ser encorajado a atuar como um “explorador” que adentra num mundo novo, que precisa ser desvendado e conhecido. Assim estaremos ensinando o aluno a pensar e a decifrar, a interpretar e a descobrir a informação. Em última análise, estaremos incentivando o aluno na arte de refletir.

     Do ponto de vista operacional, além da Biblioteca do colégio, é muito positiva a organização de uma biblioteca dentro da sala de aula. Os livros podem ser trazidos  – doados – pelos próprios alunos. Cabe ainda ao professor criar em sala situações que estimulem e favoreçam o gosto pela leitura.

     Além disso, é importante recuperar o hábito de momentos de leitura em família, cada qual com seu livro, desenvolvendo um diálogo motivador sobre o que estão lendo.

     É um tema que pode ser reforçado nas preceptorias com os pais, levando-os a refletir que o papel do colégio deve ser subsidiário ao da família, e que a incorporação do hábito de leitura será adquirido com mais facilidade através do exemplo dos pais.

    Também é papel do colégio – além de indicar bons livros como leitura – ajudar os pais na escolha de livros para os seus filhos. Isso pode ser feito de forma individualizada ou através de uma lista de sugestões de livros para determinadas idades.

     Entendemos como bom livro aqueles que sejam instigantes para o aluno, provocando uma reflexão sobre a realidade do mundo e sobre valores concretos. Além disso, devem ser adequados à sensibilidade da criança, à sua idade e modo de perceber e reagir de forma que sejam capazes de envolvê-los para “vivenciarem” o livro, sendo frequentemente distintos para meninas ou meninos. 

     É interessante o dado – trazido pelo editorial – de que a procura pelas bibliotecas decai com o crescimento do aluno. Esse dado pode ser interpretado como uma falência no desenvolvimento do hábito de leitura que foi tomado como mera imposição ou passatempo insubstancial, sem despertar no aluno a consciência de que a leitura é uma forma de se apoderar do mundo e de si mesmo. Como dizia um autor “se uma criança foi capturada por longas e emocionantes estórias, nunca esquecerá essa experiência e, assim, poderá recuperar o hábito da leitura porque perceberá que isso é completamente diferente do entusiasmo que um bom filme ou qualquer outro passatempo pode provocar.

     No entanto, nas últimas décadas a escolha das leituras infanto-juvenis ou a maioria das estratégias educativas que as promovem,  raramente conseguem deixar aquela lembrança indelével e, portanto, dificilmente podem criar leitores”.

     É preciso criar leitores. Não é um drama que um aluno chegue à universidade sem ter lido clássicos como “D. Quixote” ou “Os noivos”, mas seria triste que não os apreciasse, e que não tivesse em seu horizonte a possibilidade e o desejo de lê-los quando chegue seu momento.

     Um último comentário é que a exemplaridade de professores que leem também tem uma grande importância para os alunos. Professores leitores, com uma boa cultura geral, são um poderoso catalisador do hábito de leitura em seus alunos.

Fonte: A Gazeta (MT)

O hábito da leitura continua sendo um grande e indigesto angu de caroço na chamada Educação brasileira. Costume que deveria começar dentro de casa, com filhos imitando os pais, está longe de ser realidade por essas paragens tupiniquins. E se está certo o ditado popular que “costume de casa vai à praça”, é natural que estejamos vendo crescer gerações cada vez mais distanciadas do gosto pela leitura. Sobretudo nessa era digital onde os apelos interativos são muito mais sedutores e descompromissados. E se os pais não leem em casa, não frequentam bibliotecas, seus filhos também não terão.

Um dado que chega (Prova Brasil 2011), para levar Educadores e pais a mais uma reflexão dessa natureza, revela que 57% dos Alunos da rede pública, que cursavam o 5º ano do Ensino médio em 2010, utilizaram as bibliotecas e salas de leitura das Escolas, sempre ou quase sempre. Entre os Alunos do 9º ano, esse percentual caiu para 29,9%. O levantamento foi disponibilizado pelo movimento Todos Pela Educação, e pode ser acessado no site do Observatório do Plano Nacional de Educação (PNE).

Se por um lado, a família não lê e a vizinhança não lê, é na Escola que os Alunos deveriam receber mais estímulo. Mas será que os Professores brasileiros têm tido condições de ler? Será que a maioria deles considera importante a leitura a ponto de destinar parte de seus vencimentos à compra mensal de pelo menos um livro? Difícil responder, num país onde esses profissionais ainda precisam se acabar em dois ou três empregos para fazer um salário razoável que lhes dê condições de sustentar dignamente a família. Problema sério!

Mas o que acontece então se o levantamento apontou que 83,9% das bibliotecas não eram apenas depósitos de livros? Que as salas de leitura das Escolas contavam com acervo diversificado, 14,2% tinham brinquedoteca, havia espaços para estudo coletivo em 56,4% delas e 75,8% dos espaços estavam instalados em lugares arejados e bem iluminados, além de 78% das bibliotecas ou salas de leitura contar com profissional responsável pelo atendimento aos Alunos? Alguém ajude a entender!

Alguns especialistas atribuem essa queda em relação à leitura ao invasivo avanço tecnológico, outros analisam que o próprio currículo Escolar à medida que vai avançando, vai se distanciando do universo literário, já que outras disciplinas e uma carga muito grande de informações chegam ocupando todos os espaços. Fazer o quê, então?

Se as consequências já são, há anos, visíveis a curto, médio e longo prazo, alguém nos ajude a entender, por favor!

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