Janaína Pavani Sarabando
A infância atual para muitas crianças se faz com a tecnologia em brincadeiras, pouco espaço para brincar, pois a maioria das crianças são criadas em apartamentos e com os pais cada vez menos atuantes no processo de amadurecimento e desenvolvimento. Neste cenário, um dos desafios que o desenvolvimento infantil enfrenta, é a necessidade de preparar as bases e alicerces que serão determinantes na aquisição do desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo.
A psicomotricidade é um instrumento facilitador e importante nesse processo, uma vez que, por meio de atividades corporais, trabalha-se a consciência corporal, a afetividade, maturação e cognição. Sabemos que a criança aprende através do movimento e que um movimento global bem estruturado vai promover um movimento fino, mais preciso e correto. Segundo Victor da Fonseca “a criança deve viver seu corpo através de uma motricidade não condicionada em que os grandes grupos musculares participem e preparem os pequenos grupos musculares, responsáveis por tarefas mais precisas e ajustadas. Antes de pegar no lápis, a criança já deve ter, em termos históricos, uma grande utilização da sua mão em contato com inúmeros objetos”[1] (Fonseca 1993, p.89)
A educação psicomotora é realizada diariamente nos colégios assessorados pela Solar. As crianças realizam as aulas de psicomotricidade, desde o berçário até o segundo ano do ensino Fundamental I, já que os padrões básicos da motricidade humana têm seu momento privilegiado de desenvolvimento, justamente até os 7 anos.
Estes padrões são o fundamento da competência motora posterior. Além do mais, a organização dos movimentos integrados a esses padrões, assim como a estimulação sensorial que os acompanha, são elementos imprescindíveis para o processo de organização funcional neurológica.
Os exercícios motores praticados desde a primeira infância estimulam a organização funcional dos neurônios, de modo que gerem outros circuitos, permitindo a assimilação de aprendizagens cada vez mais complexas. A geração de novas redes neuronais, ou o aumento de sinapses nas redes já existentes, depende da variedade e da progressiva complexidade das atividades que sejam praticadas, na etapa em que é possível a geração de novas estruturas, ou seja, até os oito anos.
O desenvolvimento motor é a raiz do desenvolvimento intelectual das crianças. A educação do movimento faz com que a criança tome consciência de si e do seu corpo, e do ambiente que vive.
As aulas de psicomotricidade, desenvolve-se através de estimulações em padrões psicomotores, que são: tonicidade, equilíbrio, lateralidade, noção corporal, noção espacial, estrutura espaço-temporal, praxia fina e praxia global.
A atuação de um psicomotricista em uma instituição escolar é avaliar, prevenir e pesquisar como a criança se movimenta perante o outro, o meio que explora e, a partir daí estimulá-la para obter um bom processo de desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo.
De acordo com Oliveira (apud COSTA, 2011:27): “A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na pré-escola. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situação no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habilidades de coordenação de seus gestos e movimentos”.[2]
Janaína Pavani Sarabando é licenciada em educação Física, com pós-graduação em psicomotricidade Educacional e Psicomotricidade Clínica. Atualmente é professora de psicomotricidade no Colégio Catamarã – Vita, em São Paulo.
[1] FONSECA, VICTOR. Psicomotricidade, 1993. Ed. Martins Fontes
[2] COSTA, Auredite Cardoso. Psicopedagogia e Psicomotricidade: pontos de intersecção nas dificuldades de aprendizagem, 8.ª ed., Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2011.