Filhos fortes são fortes porque são motivados a ter responsabilidades, a se esforçar, a se posicionar
De onde vem o insistente conceito de que a infância é tão frágil? Essa visão não é muito antiga, as crianças de décadas atrás eram naturalmente maduras, autônomas e mais preparadas para a realidade e as exigências da vida, mesmo em idades precoces. Elas tinham várias tarefas em casa, ajudavam os irmãos, iam sozinhas a um comércio próximo, preparavam seu próprio lanche, zelavam pelos seus pertences, etc.
A desconcertante proteção que se vem concedendo a elas nas últimas décadas decorre de um equívoco conceitual no âmbito da educação. Os pais tendem a poupá-las e a substituí-las. Muitas crianças de 10 anos parece que têm 7, as de 4 parece que têm 2, as de 6 têm comportamentos de 4.
A maioria dos pais tratam os filhos no mesmo nível durante 2 ou 3 anos, não percebendo que a criança de 0 a 6 anos avança em questão de semanas, requerendo gradativas exigências, uma vez que as novas fases pedem novas conquistas.
Em uma sociedade que insiste no conceito de limites em educação, deveria se ater em alavancar todas as quase ilimitadas potências que toda criança traz consigo. Poupá-la não ajuda no seu desenvolvimento, o que ela pede (sem falar) são mais experiências e estímulos, porque é de sua natureza aprender muito, ter autonomia e resolver problemas.
Crianças precisam de pais suficientemente bons, não ilimitadamente bons, pois neste caso, eles “roubam” a parte que cabe aos filhos empreender.
Filhos fortes são fortes porque são motivados a ter responsabilidades, a se esforçar, a se posicionar, a pensar nos outros e a colaborar com eles.
A medida da educação, que não tem receita nem manual, é perceber que você “puxa para cima” a criança, jeitosamente, de modo que ela vai avançando nos estágios posteriores esperados.
Educar é exigir motivando, e é natural dizer mais não do que sim, pois toda criança é regida pelo princípio do prazer. A energia da infância é para ser aproveitada, construída e otimizada.
Criança estimulada aprende idiomas, aumenta o vocabulário, raciocina, brinca, memoriza, interpreta, tem compaixão, ajuda, não chora demais, é autônoma e se comunica. Não subestimemos as suas potencialidades, ela não é bibelô, não é fraquinha e está longe de ser coitadinha.
Aos pais que amam com um amor sadio, não esquecer que educar é mais exigir (sempre amorosamente) do que conceder, e que o contrário disso é um equívoco do amor, porque expõe os filhos à fragilidade e ao despreparo.
Lélia Cristina de Melo lelia.melo2609@gmail.com
https://www.bosquemananciais.org.br/?area=ver_artigo&id=34
(artigo extraído do site do Colégio do Bosque Mananciais)