Criatividade na matemática depende de experimentação
“Diálogo Brasil-Alemanha” mostra como professores precisam viver a matemática da sala de aula para tirar a desconfiança dos alunos
Comentários Solar:
O ensino de Matemática é um desafio para os professores de qualquer fase educativa, mas especialmente para os do fundamental I.
A Matemática supõe um grau de abstração que dificulta o processo de aprendizado.
Em recente curso organizado pela Solar e Fomento em Madri, uma das estratégias de inovação pedagógica abordada foi o ensino de matemática.
O foco principal destas estratégias é o de ensinar a pensar.
A materialização da estratégia adotada foi a de primeiro manipular para entender. Há uma concretização do ensino para depois abstrair. O problema é inicialmente explorado através de imagens para, uma vez entendido o que supõe o problema, passar para a abstração das fórmulas algébricas, etc.
Outra estratégia adotada é a de utilizar muitos jogos em sala de aula, tornando o aprendizado mais atrativo.
Também é muito interessante o uso de problemas abertos, onde interessa mais que pensem, explicitem e estruturem seu pensamento que, propriamente, acertem o resultado algébrico. Almeja-se que o aluno seja capaz de identificar uma meta, planejar como alcançá-la e realizar esse plano: essa é a essência de toda atividade inteligente. É importante que os alunos sejam capazes de pensar muito e com empenho. Dando menos importância ao resultado correto. Valorizar todas as tentativas de alcançar soluções.
O artigo que ora apresentamos, também trata da importância de aprender a pensar e expressar o pensamento, bem como de entender o que é proposto, quer por um melhor conhecimento de português, quer por aprender a pensar sobre o que se lê. Esse deve ser o foco também do professor de Matemática, tornando o aprendizado integrativo e não estanque.
Outro aspecto interessante é o do uso da criatividade no processo de ensino-aprendizagem. As aulas de solução de problemas dão margem a uma grande criatividade, introduzindo problemas onde os alunos sintam-se envolvidos e não somente tenham que resolver algumas “continhas”. O programa deve ser motivador, dinâmico e aberto. Cada professor pode ampliar, modificar e aumentar as atividades e seu nível de dificuldade.
O painel “Equações para uma matemática atraente” também aborda um tema que é muito caro aos colégios assessorados pela Solar: o da educação personalizada, ajudando os alunos a aprenderem no ritmo que lhes é adequado, ao mesmo tempo em que se ajuda no desenvolvimento de todos.
Fonte: Portal Porvir
“O que torna a matemática muitas vezes chata é que dá a impressão que se trata da aplicação de fórmulas de maneira a ser memorizada”, disse Artur Ávila ao Porvir logo após a conquista da inédita Medalha Fields, prêmio popularmente conhecido como “Nobel da Matemática”. O pesquisador brasileiro vivia uma agenda lotada e, em breves palavras, comentou que o que afasta alunos da disciplina é o fato de que “não há espaço para a criatividade”.
Nesta quarta-feira, 1, o Centro Alemão de Ciência e Inovação reuniu especialistas para tratar desta questão no painel “Equações para uma matemática atraente”, parte da 3a edição do evento “Diálogo Brasil-Alemanha de ciência, pesquisa e inovação”, realizado na Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo (SP).
Para Marcelo Viana, presidente da Sociedade Brasileira de Matemática e idealizador do Mestrado Profissional em Matemática Nacional, é necessária uma transformação profunda, desde a infraestrutura das escolas, passando pela melhoria no Português que permita melhor entendimento dos enunciados, até a formação dos professores. “Hoje, o professor se sente inseguro para sair do roteiro estabelecido e estimular a criatividade. Também ouço muitas críticas ao sistema, que exige cumprimento de programa pré-estabelecido em que o tempo para aplica-lo é muito curto. Então, não há margem de manobra”, diz Viana.
E como seria o mundo ideal? Viana explica que a matemática é uma disciplina considerada “complicada” porque é sequencial, “o aluno não aprende a multiplicar sem primeiro saber como somar. É uma ordem e, se você perde uma etapa, vira um tédio, um jogo abstrato sem sentido”. Ele defende a criação de ritmos diferenciados, que de um lado atenda os que estão com maior dificuldade e, de outro, não prenda um aluno talentoso por causa de um “nivelamento por baixo”.
Um outro ponto defendido por ele é que professores participem do jogo para conduzir a classe de um conceito concreto para a abstração. “A maioria dos professores da educação básica não está habilitada na área em que dá aula. Além disso, [nas faculdades] há um excesso de conteúdo muito avançado, de pedagogia, e muitos professores saem sem saber o que vão ensinar na sala de aula. Eles usam muito mais o que aprenderam na época em que estavam na escola”, completa.