5º Congresso Latino Americano de Educação Single-Sex

Congresso Latino Americano de Educação Single-Sex

Reiniciamos nossas postagens, que passam a ser quinzenais.
Informamos que a Solar Colégios, em parceria com a Rede ALCED (Associação Latino Americana de Centros de Educação Diferenciada), organizará nos dias 23 e 24 de outubro deste ano, em Curitiba, o 5º Congresso Latino Americano de Educação Single-Sex com o título “Os grandes desafios da Educação no Século XXI”.
Os congressos da rede ALCED ocorrem a cada três anos. Os anteriores foram organizados na Argentina (2009) e na Colômbia (2012).
O congresso em Curitiba pretende difundir o modelo educacional single-sex em nosso país e oferecer um espaço para a reflexão e diálogo sobre as oportunidades desse estilo educativo, como uma forma de contribuir para os desafios de educar os jovens na sociedade atual. Além disso, o congresso será uma ótima ocasião para fortalecer a parceria com outras entidades latino-americanas que adotam esse modelo educacional, estabelecer contato com pessoas de colégios de diversos países e tornar conhecida, nos meios de comunicação, a educação singular como uma proposta moderna, progressista e inovadora.
O evento contará com a presença de conferencistas internacionais. Até o momento estão confirmados Prof. Jaume Camps (Espanha), Profa. Gabriela Galindez (Argentina), e Dr. Leonard Sax que fará o lançamento no Brasil de seu último livro, que sairá com o selo “Família e Educação” da parceria Solar-Quadrante. Do Brasil estão confirmadas a participação da Dra. Lenise Garcia, Dra. Beatriz Willemsens e Dr. Italo Marsili.
Além das conferências haverá a possibilidade de comunicações orais ou trabalhos na forma de pôster. Sendo assim, animamos a todos que enviem trabalhos. A Comissão Científica será composta por especialistas do Chile, Brasil, Costa Rica, Argentina e Peru. Em breve será lançado o site do evento onde será possível encontrar mais informações.
Contamos com a participação de todos os colégios, seus professores, pais e amigos.

A seguir, apresentamos o extrato de um artigo do Prof. Jaume Camps que estará em Curitiba:

Um pouco mais sobre a socialização
[baseado em La separación como estrategia, de Jaume Camps]

É conhecido o fenômeno da auto-segregação dos sexos na escola a partir dos três anos , que cresce progressivamente com a idade. Tal fenômeno foi descrito como universal e desvinculado – pelo menos em sua origem – da influência dos adultos. É uma tendência persistente ainda que se façam atividades educativas dirigidas a incrementar as relações entre os sexos: reaparece com força quando se deixa de colocar os meios específicos.
Na infância, forma-se na escola grupos de iguais, caracterizados pelo fato de serem do mesmo sexo, cada um com atitudes e estilos de jogos diversos. Na adolescência, apesar da força da atração pelo outro sexo, não desaparece a segregação em grande parte da atividade social.
Por que ocorre esse fenômeno, mesmo em ambientes mistos? Porque o sexo é um dos principais fatores de autocategorização, senão o principal. Dessa forma, os alunos e as alunas veem primariamente apenas os do seu sexo e da sua idade como iguais.
Esse fato é significativo, pois a autocategorização é o primeiro passo para a socialização. Dessa forma, a socialização no ambiente escolar dependerá principalmente do grupo do mesmo sexo e idade, isto é, do seu grupo de “iguais”.
Qual é a sua importância no contexto de uma escola mista? Ante a presença de dois grupos, ocorre um fenômeno que a sociologia denomina de “polarização grupal”. Quando se está em presença do “outro sexo”, potencializa-se o sentido de pertença ao grupo de meninos ou ao das meninas. As normas sociais do seu grupo – e não as regras estabelecidas pela estrutura formal da escola – tornam-se mais relevantes, isto é, o entorno condiciona com maior intensidade.
Por esse motivo, observa-se na educação mista um fortalecimento da cultura juvenil. Por exemplo, dá-se maior importância à aparência física e às roupas. E por que ela afeta a eficácia escolar nos seus objetivos de igualdade e socialização? Porque essa cultura distingue – em função de estereótipos e preconceitos – as atitudes apropriadas para cada sexo, e tem um forte caráter dissuasivo em relação ao acadêmico.
Mas não se poderia objetar dizendo que a escola não é um espaço sem lei, e que existe a ação educativa escolar institucional justamente para impedir esses efeitos indesejados? Pode-se fazer essa objeção, mas não é o que se constata na realidade escolar atual. Observam-se fortes dinâmicas de grupo que se estabelecem entre meninos e meninas e que implicam rivalidades, comparações e polarização de atitudes.
Pelo que antes víamos a respeito da polarização grupal, percebe-se que o principal argumento a favor da educação mista fragiliza-se. Não basta estarem juntos para aprenderem a conviver. Essa convivência exigiria – para não ser contraproducente – uma forte atuação institucional em sentido contrário. Alguns colégios fizeram essa tentativa, mas sem resultados positivos em relação à equidade de gênero . É importante ter em conta que a escola mista, por reunir artificialmente um grupo considerável de pessoas na mesma faixa etária, é um catalisador da cultura juvenil.
E o que ocorre em ambientes não mistos? Não há essa polarização grupal? A escola singular, ao proporcionar espaços distintos para meninos e meninas, torna menos relevante – no ambiente educativo – a categoria “meninos” e “meninas”. Dessa forma, excluem-se os efeitos da principal polarização grupal, e a cultura juvenil perde força no entorno educativo:
– há uma separação de cenários. O aluno tem claro o que busca na escola: vai primariamente para estudar, e não para outras finalidades. Desse modo, possibilita-se com maior facilidade a formação de um ambiente pró-acadêmico;
– as atitudes que fogem à regra do estereótipo afetam menos a identidade da aluna ou do alunos (não há uma constante avaliação dos seus pares se a sua atitude é “feminina” ou “masculina”, por não existir essa polarização);
– há maior liberdade. O grupo é menos repressor, já que não se tem a presença do “outro sexo” (que faria o seu grupo “exigir” determinadas atitudes para ser aceito):
“A masculinidade e a feminilidade da escola singular são muito mais amplas, acolhem muito mais matizes; são uma masculinidade e feminilidade muito mais ricas.” Enric Vidal
Nas escolas singulares, ao diminuir a pressão grupal, desloca-se a autocategorização do “grupo” (nós) para o “pessoal” (eu), permitindo uma educação realmente personalizada, que é o objetivo fundamental.

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